quinta-feira, 2 de junho de 2011

Eduardo Guerra Escreve ao Blog do Vanguarda II

Eduardo Guerra Escreve ao Blog do Vanguarda II


Prezado Hélio,
Mais uma vez volto a ser notícia em seu blog e, infelizmente, tal como aconteceu durante a minha viagem a Honduras, a notícia divulgada mistura ficção com delírio de uns poucos dentre seus muitos e sérios informantes.
Pude notar que alguns de seus leitores andam com os ânimos bastante exaltados edeixam transparecer a raiva doentia típica de mentes e corações amargurados, é o caso do Tadeu Soares. Lendo o comentário dele lembrei-me daquela música de Toquinho e Vinicius, chamada: Tonga da Mironga do CabuletêÉ interessante notara facilidade comque, ultimamente,as notícias de um profissional inteligente e gentil como você têm despertado a fraqueza humana de determinados“torcedores” que, com comentários desrespeitosos,mostram muito mais de si mesmos quedaqueles a que pretendem atacar. Felizmente eles são minoria, e não poderia ser de outro modo, poiso perfil dos leitores reflete o caráter do escritor, e conhecendo o seu, estou certo que desta vez publicará minha resposta na integra.
Feitas estas considerações preliminares, vamos ao que realmente mais interessa:
1)      Não estou vinculado à Secretaria de Educação, e sim a Secretaria de Educação, Esportes, Juventude, Ciência e Tecnologia.
2)      Não estive no Palácio Jaime Nejaim na manhã da terça-feira 31, portanto não poderia haver entregado então, carta de demissão ao Prefeito José Queiroz.
3)      Minha reflexão vai além do âmbito municipal e é muito mais sobre a natureza humana, portanto filosófica e espiritual, que meramente política.
4)      Como colaborador leal e bem intencionadonão ensaio rompimentos com a administração municipal, apenas expresso meus pontos de vista de forma sincera, firmee gentil,em qualquer situação.
5)      Consciente do meu compromisso com o sucesso do governo para o qual trabalho e com o qual aceitei colaborar, ainda continuo acreditando na capacidade e boa vontade do nosso líder maior, o Prefeito José Queiroz, e desejo ardentemente contribuir para a melhoria da qualidade de vida de nossa gente.  Em outras palavras, não me move o propósito de obter ou permanecerem cargos mas sim de servir a meu povo, não pratico nepotismo, nem conspiro contra os colaboradores do governo, no entanto oponho-me à falta de seriedade com que, em todas as esferas, em todos as circunstâncias, e em todas as épocas, alguns bajuladores inconsequentes atentam contra os bons costumes.
6)     Respeito e solidarizo-me com pessoas de boa vontade, que desejam uma educação de qualidade para que o nosso país possa enfim vir a ser a potência dos nossos sonhos e não meço esforços neste sentido, por isso sou fã dos professores e professoras. Eles são “engenheiros de gente”. Considero-os verdadeiros heróis. A eles meu carinho e respeito.
7)      Repudio os descompromissados que dão mal exemplo, desprezam os esforços governamentais e desperdiçam recursos públicos por imprudência, despreparo ou má fé; fora estes, desconheço quem mais esteja me questionando, dentro ou fora do governo.
8)      Não me oponho ao espirito dos tempos, porém permaneço ao lado dos que disseram não nas urnas ao neoliberalismo privatizante, e reafirmo minha posição sempre que necessário. Obviamente bajuladores de plantão vêm nisso um desrespeito à autoridade, mas o time do qual faço parte sabe que valorizo programas estatais e parcerias público privadas que poupam mais sacrifícios aos menos favorecidos, e trazemreais benefícios ao governo e ao povo que sirvo.

Por que a mídia não informa que Dinho militava no PCdoB?

Por que a mídia não informa que Dinho militava no PCdoB?

A morte anunciada do líder camponês Adelino Ramos, o Dinho, mereceu ampla cobertura nos meios de comunicação, incluindo veículos das Organizações Globo. Todavia, nossa mídia de referência, controlada por uma meia dúzia de famílias abastadas, não se dignou a informar que Dinho, sobrevivente do massacre de Corumbiara, era um destacado militante do PCdoB em Rondônia, conforme noticiou este Vermelho, e dirigente da Central dos Trabalhadores do Brasil (CTB).

Por Umberto Martins

É possível imaginar que a militância comunista do líder assassinado no dia 27 de maio em Vista Alegre do Abunã (distrito de Porto Velho, capital de Rondônia) é um detalhe menor que, de resto, não deve ser associado ao crime. Não faltarão vozes para sustentar este tipo de argumento irrigado pelo cinismo.

Filtro ideológico
Na realidade, a omissão, o silêncio, a discriminação do que é ou não noticiável, que no caso configuram uma manipulação sutil dos fatos, são orientados pela força maior da ideologia dominante que, como dizia Karl Marx, reflete os interesses e o pensamento da classe dominante. Os fatos relatados são submetidos previamente ao filtro ideológico, que não raro já está devidamente entranhado no consciente ou inconsciente dos jornalistas como um reflexo condicionado e uma esperança de estabilidade no emprego.

Não é de hoje que o anticomunismo é uma característica básica e essencial do pensamento e do espírito dominante em nossa sociedade. Não vai tão longe o tempo em que se dizia que, a exemplo dos prelados, o prazer de comunista era comer criancinhas. Os acontecimentos que sucederam a derrocada do socialismo real no leste europeu e a deplorável dissolução da União Soviética no início dos anos 1990 contribuíram para exacerbar sentimentos, infâmias e preconceitos do gênero, vendidos em embalagens supostamente democráticas e a pretexto da defesa dos direitos humanos. O que se viu desde então não foi o fim da história, muito menos das ideologias.

Anticomunismo atávico
Nesses dias, ao noticiar o apagão na história no Senado (exclusão das referências ao impeachment do hoje senador Fernando Collor do painel de imagem da Casa) a Rede Globo faz questão de “informar” que se trata de uma operação típica de regimes comunistas, olvidando naturalmente o papel da família Marinho na campanha e eleição do ex-presidente.

Outro exemplo é a manipulação e distorção recorrente de fatos na abordagem do relatório do novo Código Florestal para apresentar o deputado Aldo Rebelo e o PCdoB a serviço dos grandes proprietários rurais. A história dos comunistas brasileiros, incluindo a Guerrilha do Araguaia, é a da luta sem tréguas contra o latifúndio, pela reforma agrária, pela democracia e pelos direitos do povo. Foram a prática e os ideais comunistas, antagônicos aos da classe dominante, que atraíram para as fileiras do partido o militante Dinho.

Propriedade capitalista
Não devemos estranhar o comportamento da mídia venal. Assim como os lucros da produção capitalista servem aos desígnios da classe capitalista, a produção e difusão da informação jornalística no capitalismo se subordinam aos interesses dos capitalistas que controlam os meios de produção da informação. Ou de quem detém a propriedade privada do capital em sua clássica divisão: o capital constante, composta dos meios físicos, a tecnologia, equipamentos, edificações; e o capital variável, ou seja, força de trabalho, principalmente jornalistas.

As relações entre patrões e assalariados no ramo das comunicações são singulares. Aparentemente não guardam muito parentesco com aquelas que se verificam na indústria, na agricultura ou no comércio. A fronteira entre uma classe e outra, neste caso, é tênue. Salvo honrosas exceções, que confirmam a regra geral, os jornalistas costumam vestir a camisa da empresa e, adicionalmente, empenhar a própria consciência. Alguns são ainda mais realistas que o rei.

PIG
Evidentemente, a realidade é obscurecida pela ideologia e pelo engodo. É forçoso reconhecer que a mídia venal é diplomada na arte de aparentar as virtudes do bom jornalismo que a academia enaltece: objetividade, imparcialidade, honestidade, apartidarismo, respeito aos fatos.

Muitos jornalistas acreditam sinceramente em tais princípios e procuram aplicá-los, mas é falso supor que os patrões da mídia zelam por tudo isto. A história sugere e revela o contrário. O aplauso ao golpe e o servilismo diante do regime militar instalado em 1964, o posicionamento nas eleições presidenciais (1989, 2002, 2006 e 2010) e inúmeros episódios cotidianos mostram o caráter antidemocrático, reacionário e golpista da nossa mídia, que bem merece a alcunha de Partido da Imprensa Golpista (PIG), criada pelo jornalista Paulo Henrique Amorim.
 
Editorial.
30 de Maio de 2011 - 16h45 

É preciso dar um basta aos crimes do latifúndio!

Mais uma vez o sangue de trabalhadores e comunistas encharca o solo brasileiro. Na semana passada, a rotina macabra e inaceitável se repetiu, levando as vidas dos extrativistas José Cláudio Ribeiro da Silva e Maria do Espírito Santo, em Nova Ipixuna, no Pará, (onde também foi morto o agricultor Eremilton Pereira dos Santos, provavelmente por ter testemunhado a execução do casal) e do líder camponês Adelino Ramos (“Dinho”), em Rondônia.

Eram mortes anunciadas. Eles haviam exaustivamente denunciado as ameaças que recebiam de latifundiários e madeireiros ilegais, que ficaram registradas pelo menos desde 2009 nos relatórios anuais em que a Comissão Pastoral da Terra (CPT) denuncia a violência contra os trabalhadores rurais; o próprio ouvidor agrário nacional, desembargador Gercino José da Silva Filho, reconheceu que desde aquele ano as autoridades sabiam que o nome de Dinho fazia parte de uma lista de marcados para morrer.

Adelino Ramos era um sobrevivente no sentido literal da palavra – esteve entre as vítimas do massacre de Corumbiara (Rondônia), em 1995, quando treze trabalhadores rurais foram assassinados. Ele conseguiu escapar e aumentou seu protagonismo à frente da luta, sendo um dos fundadores do Movimento Camponês Corumbiara, que une trabalhadores rurais sem terra naquele estado; aproximou-se depois do PCdoB, fazendo parte da direção comunista em Rondônia; em 2007 foi um dos fundadores da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil, e membro de sua direção estadual.

A luta de Dinho, José Cláudio e Maria era contra o latifúndio e em defesa da mata. Queriam a reforma agrária em benefício dos pequenos agricultores e contra a grande exploração latifundiária da terra. Eram vigilantes implacáveis e incansáveis contra o desmatamento irregular e criminoso promovido pela ganância que leva grandes empresários a extrair ilegalmente madeira da mata e vendê-la a peso de ouro no Brasil e no exterior. Foram mortos por isso. Só em Rondônia, segundo cálculos de Dinho, são retirados ilegalmente 30 mil metros cúbicos de madeira e 20 mil cabeças de gado ilegalmente todo mês. Quase do outro lado da Amazônia, José Cláudio e Maria resistiam contra a retirada ilegal de madeira na vizinhança da comunidade de Maçaranduba (sul do Pará), onde existem 300 famílias assentadas.

Eram lutadores. “Defendo a floresta em pé e seus habitantes” e por isso “sou ameaçado de morte pelos empresários da madeira, que querem derrubar tudo”, denunciou José Cláudio em 2010. “O objetivo do Movimento Camponês Corumbiara é agir contra as ilegalidades no campo e nossa luta é justa e pacífica, em busca da dignidade do trabalhador rural. Essa é a metodologia do nosso movimento”, Dinho explicou numa ocasião.

As autoridades de todos os níveis (federal, estadual e municipal) inquietam-se e garantem todo o empenho pelo fim da violência e pela punição dos criminosos. Mas é preciso mais – é preciso transformar as palavras em realidade e rasgar o véu que acoberta o desrespeito à lei, à dignidade e à vida.

Entra ano sai ano, a impunidade tem sido a regra. Somente no Pará, onde a violência contra os trabalhadores rurais tem sido mais aguda (dos 34 assassinatos de 2010, 18 foram cometidos lá), há um passivo judicial que acoberta crimes e criminosos: em 40 anos, segundo a COT, foram cometidos mais de 800 assassinatos de trabalhadores rurais no Pará. Apenas 18 (pouco mais de 2% do total) foram a julgamento; somente oito foram condenados e, destes, um único cumpre a pena – um em 800!

Este é o retrato da impunidade que exige um basta e impõe a punição de empresários criminosos que roubam terras, madeira e vidas.

Em homenagem a José Cláudio, Maria, Dinho e Eremilton, é preciso proclamar: a luta continua! E ela só vai terminar com a conquista da reforma agrária, da democracia e da justiça no campo.